Reflexões à janela sobre a vida e a morte

À escrivaninha. 30ºC lá fora, com sensação de 31ºC, embora nublado. Inverno, no Rio, com calor. Tomando a segunda xícara de café, com rabanada.

Estive pensando na música: “Já é Natal na Leader…”, ou melhor, na minha casa. Senti vontade de comer rabanadas, e as fiz. Essa é a melhor parte da vida de aposentada. Não quero outra vida.

Minha escrivaninha fica em frente à janela, como a da Carrie Bradshaw, de Sex and the city. Ela trabalha olhando para as ruas de Nova York. Eu não tenho uma vista privilegiada como a dela, porém, o importante é, em alguns momentos de pausa, poder sentir o vento e admirar o céu maravilhoso. E, principalmente, usufruir dos benefícios da luz natural, para a mente e para os olhos.

Eu não deixava as cortinas abertas, pois vizinhos indiscretos no prédio em frente. Não deixava, até hoje. Escancarei as cortinas e não me preocupo nem um pouco com quem olhar para cá. Danem-se. Ops, preciso ter pensamentos bonitos e calmos.

O mundo é caótico. Sei que não tenho poder para trazer ordem ao caos, mas preciso me esforçar para que o estresse emocional não somatize em meu corpo. Estou tentando espairecer a cabeça, nestes dias de distanciamento social. Tenho olhado para dentro de mim, exercitado o silêncio, contemplado a calma e aproveitado muito mais estar em casa. Não estou envolvida em projetos incríveis. Mantenho-me ocupada o dia inteiro, fazendo coisas simples, que amo.

A vida passa, o dia da partida chega, e os problemas ficam aqui, nesta terra, para quem quiser ou puder resolvê-los. A idade está passando a cada segundo, e eu percebo que viver o dia a dia da melhor maneira possível nunca foi tão necessário. A cada dia basta o seu mal.

Perdas e ganhos são cada vez mais frequentes, no envelhecimento. Vi amigos se afastarem. Alguns, consegui resgatar, mas estão sempre tão ocupados. Queria vê-los mais. Conversar, tomar café, gargalhar. As conexões são importantes, especialmente neste período de distanciamento social , quando nossas interações pessoais são tão restritas. Algumas amigas queridas são resistentes a chamadas de vídeo. Uma pena. Seguimos falando por texto ou áudio.

Feliz com o sucesso do Clube do Livro Virtual, nascido no início da pandemia. É uma diversão sem tamanho. Livros de autores que jamais leríamos são alvo de críticas mordazes e muitas gargalhadas. Somos 7 amigas e 1 amigo, do Brasil e dos Estados Unidos. Lemos 2 livros por mês e temos um grupo em tempo real para discuti-lo. É uma maneira adorável de nos vermos, já que não sabemos quando poderemos nos encontrar pessoalmente.

No final do dia, se minha família está segura, isso é o mais importante. Agradeço, todas as noites, antes de dormir. Qualquer dia que termine com todos nós saudáveis ​​é uma bênção.

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