A vida que eu quero


À escrivaninha. 26°C lá fora. Céu cinzento no entardecer de outono. Após os sessenta anos, ingressei na jornada da autoaceitação. É mais fácil aceitar minhas falhas e limitações e aprender com elas. E também me dar crédito por meus pontos fortes.

Nos últimos meses, tive algumas experiências novas, muitas conexões com escritoras e editoras, alguma diversão com as minhas meninas e meu novo romance finalmente pronto. Houve também algum estresse devido a uma cirurgia a que fui submetida, o que significou mudanças em projetos planejados. Enfrentei, ainda, inconvenientes problemas cotidianos e burocráticos que me tiraram do sério várias vezes.

Se alguém me perguntar “o que você tem feito?”, talvez eu não consiga dar uma boa resposta. Tenho frequentado minhas aulas semanais de Pilates, mediado reuniões de clubes de livro e rodas de leitura, ido a alguns almoços fora de casa com as meninas e com amigas, assistido a séries de ficção científica ou de fantasia, ou a filmes policiais e de romance, jogado no celular, colocado minhas leituras em dia, tenho escrito várias horas por dia, postado sobre meus projetos nas redes sociais, feito alguns trabalhos domésticos e outras coisas.

Estou começando a entender que não há problema em viver uma vida mais simples na aposentadoria. Encontrar contentamento com minha família, minhas meninas, alguns amigos e amigas (o número diminui a cada ano!) e minha escrita.

Tenho encontrado muita alegria em minha vida ultimamente: manter conversas maravilhosas com amigas em nosso encontro virtual todas as terças; receber o conforto acolhedor de nossa casa com minha filha e nossa Princesinha; apreciar a sensação de pertencer em meus clubes do livro; sentir a liberdade de dirigir meu velho Gol ​​com a janela aberta; ter a alegria de receber comentários positivos de quem leu meu livro; ir a eventos literários e fazer novas amizades e conexões; publicar meus romances, fazer posts no blog, enviar edições de newsletters sem me preocupar se serei lida, apenas pelo prazer de escrever.

Ao olhar para esta pequena lista, posso respirar fundo e dizer “consegui, estou vivendo a vida que quero”. Tenho tido dias bons, dias completos, dias satisfeitos, nada grandioso, nenhum grande planejamento de viagem, nenhum projeto especial concluído. Mas, sim, na maioria dos dias estou fazendo as coisas que quero fazer!

Quem disse que a vida tem que ser cheia de viagens, eventos, projetos e realizações? Por que não pode ser mais suave e mais leve?

Esta é a minha vida agora e estou encontrando alegria nela.

Foto de Estée Janssens na Unsplash

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