Sorrir de saudade

À escrivaninha. 24°C lá fora. Céu nublado, tão cinzento, nesta quinta-feira de Finados. Hoje amanheci inquieta. Um misto de boas memórias e de dor. Enquanto escrevo, a trilha sonora de Abba instrumental me comove a alma e intensifica a saudade.

Algumas noites, ao me deitar, peço aos Céus para sonhar com meu Anjo. Ouvir sua voz, abraçá-lo outra vez. Às vezes acordo com a forte sensação de ter sonhado com ele, mas não me lembro de nada. Houve um tempo em que os Céus ouviram meu pedido de mãe-órfã. Durante várias noites sonhava com meu Anjo.

Certa manhã, ao acordar, após mais um sonho que não esqueci, sorri ao abrir os olhos e senti paz. Eu pensava: “por que tiraram o meu menino de mim?”, mas, depois de vê-lo outra vez, em sonho, percebi que não estava triste. E agradeci por poder tê-lo perto de mim, diminuindo esta de dor de mãe.

Li, há alguns anos, em um post no blog da Grace, algo que me fez refletir sobre como me sentia mas não sabia expressar. Ela traduziu bem o sentimento de uma mãe quando revê seu filho, ainda que em sonho:

“… me dá paz, calma, vê-lo em sonho. Mesmo que por raros momentos. Acreditem que a tristeza não ficou. Ficou a saudade. A doce lembrança. E uma vontade louca de viver.”

É exatamente assim. Uma necessidade imensa de viver e de ser feliz, embora com tanta saudade. Isto me fez lembrar o filme Half Light Protegida por um anjo. A mãe que perdera o filho ouve de alguém, a respeito do sofrimento dela, que ele não desejaria que sofresse a morte dele, mas que se lembrasse de sua vida.

Em certos momentos, sinto que vou explodir. Olho para o céu e peço socorro. E o conforto vem. Não estou conformada com o que aconteceu, mas confortada. Concentro-me nos poucos momentos felizes ele se foi tão cedo… Ouço sua gargalhada alegre, vejo seus olhos brilhantes sorrindo para mim. E sorrio também.

Ano após ano, tenho aprendido a sorrir de saudade…

Foto de Clark Gu na Unsplash

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