À escrivaninha. 21 ºC lá fora. Abro a janela e encaro um céu nublado. Uma brisa matinal estremece meu rosto. A vida tem seguido em um ritmo lento desde o início do ano. Minha saúde, que deveria ser prioridade, ficou em segundo plano; procrastinei projetos e escorreguei em alguns hábitos que não me fazem bem.
Aquela dieta saudável que a nutricionista indicou (alô, chocolates!) e os exercícios físicos (olá, Pilates!) ficaram abandonados por meses. Atrevi-me a retomar os treinos, na semana passada, mas ainda tenho dúvidas se vou manter a rotina de exercícios.
Por outro lado, o livro novo, que comecei há quase três anos e com o qual sonhava terminar a edição, não avançou como eu havia planejado. Escrever um segundo romance era quase uma missão. Para onde foi esta alegria, pergunto-me todos os dias?
Antes, esse cansaço me incomodava, mas, agora, aceitei que preciso desta pausa. Às vezes, é necessário dar um passo atrás e compreender o real significado de cada atividade em nossa vida. No momento, meu desejo é descansar, ficar em casa, escrever posts, ler blogs, interagir com pessoas queridas e encontrar alegria em meus passatempos — jogar Hay day e Block Puzzle, e assistir a séries.
Desacelerar não é desistir
Pelo contrário, é um ato de força e resistência em um mundo acelerado. É um gesto de cuidado comigo mesma. Aliás, “cuidado” é a palavra que elegi para este ano. Entre pausas e pequenos prazeres, procuro a leveza que a pressa vinha ofuscando. Sei que os projetos de escrita e os planos de atividades físicas não se perderam, apenas aguardam o momento certo para desabrocharem novamente.
Tenho tido dias bons, dias completos, dias satisfeitos. Nada grandioso, nenhum projeto especial concluído — apenas as lives de rodas de leitura e oficinas de leitura mensais. Nenhum grande planejamento de viagem — talvez nem vá à FLIP este ano, no máximo, à Bienal do Livro. Mas, sim, na maioria dos dias estou fazendo as coisas que quero fazer. E isso basta. Por ora.
E você, já se permitiu desacelerar e cuidar de si mesmo neste ano?
Foto de William Olivieri na Unsplash