À escrivaninha. 25 °C lá fora. Verão se despedindo em sua última semana com brisa fresquinha e céu nublado. Chove em minha janela.
Se não fosse pelos compromissos com oficinas de leitura, rodas e clubes do livro, que me mantêm ocupada sem parar, eu diria que preciso de um descanso. Uma viagem para qualquer lugar alegraria a minha alma e melhoraria meu humor. Chego até a me imaginar em uma cidadezinha bem pitoresca, onde poderia me hospedar por um tempo, apenas para apreciar a natureza e a vida cultural do lugar.
Personagens em silêncio
A realidade, entretanto, cutuca-me de volta de minhas divagações. Todos os dias, tenho de ler, escrever e criar, e a seguir em frente para o próximo trabalho.
O problema é que estou há semanas sem abrir o arquivo do novo romance para editá-lo. Tampouco tenho avançado no livro de contos. É como se estivesse sabotando meus próprios projetos de escrita.
Cheguei a cogitar a possibilidade de abandonar essa parte de mim que é escritora, pois não há prazos ou alguém me cobrando para entregar os originais para publicação.
O espetáculo deve continuar
Em vez disso, tenho me concentrado nos projetos de leitura, já que eles estão agendados e envolvem compromissos com outras pessoas. Pensei em cancelar os eventos com os quais me comprometi, mas, com que cara eu faria isso?
Aos trancos e barrancos emocionais, tenho me esforçado para extrair o melhor que puder de dentro de mim e ministrar palestras, oficinas, clubes do livro e rodas de leitura. Com um sorriso no rosto e um cansaço no coração.
Futuro em branco
Ainda não sei o que o futuro me trará. Se conseguirei publicar os livros que estão à espera de minha inspiração e vontade de escrever, ou se vou me dar um descanso quando os compromissos agendados dos projetos de leitura terminarem.
Então, até lá, tento me esforçar a fazer o melhor e mais positivo uso do presente. E, neste momento, só preciso ler os livros e preparar os roteiros para apresentar os melhores projetos de leitura que eu puder. Quanto aos projetos de escrita do romance e dos contos, não tenho a menor ideia de quando retornarei a eles.
Esperança renovada (ou desculpa?)
Apesar do desânimo, ainda guardo um mínimo de esperança. Talvez, quando finalmente conseguir um tempo para mim — viajar para uma cidadezinha? Não custa nada sonhar — eu consiga fazer as pazes com a criatividade e deixar meus personagens voltarem a falar.
Até lá, vou continuar a sorrir e acreditar que, em algum momento, a inspiração voltará a me visitar. E, quem sabe, talvez essa pausa seja apenas o que preciso para voltar às minhas histórias com mais entusiasmo.
Dizem que a vida de uma escritora é feita de altos e baixos. Uma hora dessas estarei pronta para enfrentar o próximo capítulo – literalmente. Enquanto isso, vou fazer uma pausa. Para um café…
Foto de Nilson Junior na Unsplash