A vida após os 60 pode ser tensa

À escrivaninha. 30°C lá fora. Tarde clara com céu de um azul brilhante salpicado de nuvens imensas. Calor outonal.

Quando a gente chega aos 60, imagina que vai ter dias mais amenos e uma rotina mais leve. A realidade, às vezes, é bem diferente. Após os sessenta, a vida pode ser intensa, cheia de desafios que mexem com o corpo, a mente e as emoções.

Envelhecer hoje não é só esperar o tempo passar deitada em uma rede ou em um sofá. É lidar com o corpo que já não obedece tão fácil, com a cabeça que às vezes prega peças, e com uma sociedade que insiste em achar que a gente ficou invisível. 

Por outro lado, envelhecer também é uma oportunidade boa — tenho este privilégio — de criar novas oportunidades estimulantes e continuar ativa. Após os sessenta, a criatividade deixa de ser só um hobby e vira uma necessidade.

A criatividade é um ato de resistência contra a invisibilidade e o etarismo.

A gente não precisa mais trabalhar, mas continua a buscar novos caminhos, novos projetos, novos sentidos para o dia a dia. Não importa se você nunca se considerou criativa antes, essa é a hora de experimentar, de ousar, de driblar o tédio e a sensação de estagnação. Até escrever um romance que quase ninguém lê, mas que deixa a gente feliz por ter conseguido fazer!

Ser criativa é uma questão de sobrevivência. É um tapa na cara do etarismo que trata a gente como se fosse um móvel antigo, bonito, mas que deve ficar quietinho no canto. A gente se permite inventar moda e mostrar que experiência é ouro, que nossa voz tem peso, que nossas ideias são bacanas. Mediar oficinas e conversar literárias tem sido uma força extra em continuar ativa mental e emocionalmente após os sessenta.

Conforme os anos passam, a gente sente que o corpo já não é o mesmo de antes. As limitações físicas aparecem, as dores gritam “presente!”, e a energia às vezes falta. Reconhecer essas dificuldades sem se deixar dominar por elas é um exercício diário. Mesmo ficando quase dois meses procrastinando para concluir a edição do novo livro, na maior preguiça do universo.

Uma coisa é certa: o ritmo após os sessenta mudou, mas a dança continua. Precisa continuar.

Conta aqui nos comentários, qual foi a maneira que você inventou de continuar ativa após os 60 (ou perto disso).

Foto de Age Cymru na Unsplash

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