À escrivaninha. 24°C lá fora. O céu nublado anuncia um sábado chuvoso. Tempestade à vista, prevê a meteorologia. Tem sido assim, em meu coração, nos últimos dias.
O modo como a vida se desenrola, atualmente, provoca uma oscilação no corpo e na mente. Há dias em que acordo, vejo a casa desarrumada e penso: “que se dane”. Normalmente, meu ímpeto matinal é organizar tudo. Depois, olho minha lista de tarefas no Evernote e repito – desta vez, em voz alta, “dane-se”.
Alguns dias são assim. Eu atribuo isso a uma idade em que realizar tarefas não é tão importante. Após os sessenta, ingressei na jornada da autoaceitação: aceitar minhas falhas e limitações e aprender com elas. E me dar crédito por meus pontos fortes.
Não devemos esperar impetuosidade e paixão o tempo todo. Apenas, simplificar a vida, eliminando coisas que não são urgentes.
Quando nos preocupamos com situações ínfimas – como uma casa bagunçada –, a mente e coração chegam a um ponto crítico de estresse. Não precisamos fazer tarefas o dia inteiro. Eu não preciso.
Além disso, a pandemia amplificou o tempo que a aposentadoria já me proporciona. Tanto tempo na inatividade disparou o senso de urgência em fazer o que amo. Passar o dia com séries, filmes, livros e jogos é perfeitamente normal. São oportunidades para aliviar meus pés e minha alma cansados. Ter menos tarefas e atividades leva a menos decisões e ajuda a me sentir restaurada.
E assim a vida segue, após os sessenta…
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