Se flopar, flopou.

À escrivaninha. 27° lá fora. Céu encoberto e abafação no período final do verão. Ansiosa pelo outono.

No ano passado, resolvi ressuscitar o meu projeto de rodas de leitura ao vivo. A princípio, eu fazia os encontros presenciais, em escolas, empresas e eventos. Após a aposentadoria, deixei de lado esta atividade. Agora, no caso, em maio passado, decidi que era hora de voltar a reunir pessoas para ler e conversar sobre os textos.

Assim, criei um novo projeto de roda de leitura virtual, o Só românticos , com encontros mensais a fim de compartilhar o prazer da leitura de textos românticos, criar laços de amizade e conversar sobre temas universais ligados ao amor e aos relacionamentos nas obras lidas.

Pois bem, no primeiro encontro apareceram três pessoas amigas. Lemos um trecho de romance da Clarice Lispector e tivemos uma conversa divertida e proveitosa. Na roda seguinte, vieram quatro pessoas, e eu fiquei animada por o número crescer um pouquinho. Desta vez, eu li um trecho de Jane Eyre e contei com a participação acalorada de minhas amigas. E o terceiro encontro teve a presença de cinco amigas para uma conversa sobre o um trecho do romance Encontros no Parque. Nem preciso dizer que foi uma discussão deliciosa.

As coisas começaram a degringolar a partir da quarta roda de leitura. Na ocasião, li um trecho de Dôra, Doralina, e três amigas vieram trocar ideias comigo. Foi uma reunião muito boa, e não me importei tanto com a baixa adesão a meu projeto. Afinal, as pessoas têm suas demandas, e um evento ao vivo envolve certo planejamento.

Se flopar…

Quando fui conversar sobre uma das crônicas do Manual da faxineira, só uma amiga atendeu ao meu convite. Obviamente, a discussão foi ótima e trocamos muitas ideias sobre o texto lido. Esta mesma amiga retornou para a leitura de Senhora, no mês seguinte, como única participante, além de mim, e prestigiou a discussão com reflexões que acrescentaram muito ao debate.

A esta altura, eu já não tinha certeza de que fazer roda de leitura em um sábado, à tarde, era uma boa ideia. Mesmo assim, marquei o sétimo encontro. Eu iria ler Êxtase, minha gente, mas não rolou. Fiquei com a sala virtual aberta durante uma hora, sem uma alma sequer aparecer.

Nem vou descrever o aperto no peito e a frustração. Vocês podem imaginar. Há, atualmente, 23 pessoas inscritas volutariamente para participar das rodas. Elas preencheram o formulário de inscrição e receberam e-mails com lembretes e link para entrar na roda de conversa. Nenhuma me sinalizou que não desejava mais receber meus convites em sua caixa de entrada.

Então, em dezembro, decidi dar um tempo nas rodas, após a falta de adesão no último encontro, em que não encontrei ninguém. Refleti bastante se eu deveria continuar a empreitada. E resolvi que sim, eu retornaria com as rodas em 2024.

E seguimos sem roda

Hoje, após dois meses de recesso, marquei o retorno da Roda de Leitura Só Românticos. Desta vez, pensei em testar um novo dia e horário para atrair mais pessoas. Então, em uma sexta-feira, às 19 horas, abri a sala virtual. Confesso que a expectativa estava lá embaixo, mas esperei.

Como pressenti, zero pessoas compareceu para conversar sobre “As fêmeas que preferem dizer não”, da maravilhosa Colasanti. Fechei a sala meia hora depois, por falta de “quorum”. Talvez por não ter uma expectativa alta, senti-me bem.

Sendo assim, cheguei à conclusão de que devo interromper o projeto. Não sei por quanto tempo. A menos que haja quem ame ler textos e me convide a conversar sobre eles.

Por ora, continuarei me dedicando à escrita de meu novo romance e à mediação de dois clubes do livro. Aliás, nunca imaginei que escrever romances fosse tão estimulante.

E seguimos sem rodas de leitura. Até segunda ordem.



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