À escrivaninha. 23°C lá fora. Fim de manhã nublada e fria. Um vento gelado brinca com as cortinas e a tampa do meu notebook, mas aqui, à janela, encontro calor e inspiração.
Escrever é mais que registrar palavras; é um ritual que se expande especialmente após os 60 anos. É um ato de abrir o coração e revisitar memórias para lhes dar voz e significado.
Ingredientes para a inspiração
Escolhi um recanto iluminado pela janela — uma mesinha branca com gaveta e prateleira, ao lado da cama. Organizei meus cadernos, agendas, lápis de cor e canetas ao alcance da mão.
A luz natural dança sobre a superfície, criando um ambiente relaxante. A paisagem, um pequeno retângulo de céu e árvores, acalma a minha mente. O canto dos bem-te-vis, o latido distante de um cachorro, vozes infantis ecoando na quadra: pequenos detalhes que transformam este espaço em um refúgio perfeito.
Escrever, para mim, tornou-se um momento de nostalgia e aconchego. De me sentir acolhida pela rotina e pela calmaria, sem pressa ou julgamentos. Aqui, à escrivaninha, posso ser vulnerável e, ao mesmo tempo, forte.
Busca pelo lugar ideal
Na pandemia, tentei escrever na varanda, buscando o ar da manhã em meio ao isolamento. Mas um vizinho — apelidei-o de “Sentinela da Tupi”, em referência a um antigo jingle de rádio — ficava horas em pé, olhando para o infinito. Aquela presença constante drenava minha inspiração e perturbava minha concentração.
Voltei para o quarto e, desde então, permaneço na escrivaninha à janela, protegida pelas tramas de renda da cortina. E está tudo bem. Encontrei meu refúgio.
Se você sente que a escrita pode ser um caminho para se expressar, experimente criar seu próprio espaço criativo. Pode ser um cantinho na sala, no quarto ou até mesmo uma mesa na varanda. O importante é que seja um lugar onde você se sinta acolhida, e as palavras brotem sem pressa, sem medo.
Sempre é bom ter um lugar para abrir o coração e contar a nossa história — seja aos sessenta, setenta ou mais.
Onde é o seu?
Foto de Hutomo Abrianto na Unsplash