À escrivaninha. 24° lá fora. Céu encoberto. Uma brisa leve levanta as cortinas. A chuva deve aparecer mais tarde.
Não tenho saído para caminhar, como eu havia me disposto a fazer, mesmo que o dia esteja ensolarado. Construir um hábito de caminhada matinal continua sendo algo bem estranho para mim. Às vezes, dou uma caminhada até o sacolão, em busca de frutas, legumes e verduras. E volto bem depressa.
Não tenho desculpas ou justificativas para isso. Ainda reluto muito para me arriscar fora de casa, após dois anos de pandemia. Minhas saídas foram exclusivamente para ver papai e ir a consultas médicas e odontológicas de emergência.
Minha neta contraiu Covid-19 e eu apresentei os sintomas por 20 longos dias! Não pretendo sair, sem um motivo plausível, ainda que tenha tomado as três doses da vacina. Quero evitar as consequências desta doença, a longo prazo, se for contaminada novamente.
Penso que a minha parte é diminuir o risco de contágio e propagação da doença, enquanto o esquema vacinal não estiver concluído. E com tanta gente negacionista, este dia está muito longe.
Entendo que ainda estamos em uma pandemia, e, com a prática de boas diretrizes de saúde, é possível estar fora de casa com segurança. Entretanto, considero desnecessário encontrar pessoas. Principalmente porque muitas delas sequer usam uma máscara de proteção.
Nada disto justifica eu não caminhar, pela manhã, na rua. A verdade é que eu não gosto mesmo. Sou resistente à ideia de sair do meu cantinho. Talvez eu não faça tantas caminhadas, mas ainda pratico exercícios de ginástica, todas as manhãs. Um deles é a caminhada estacionária, durante alguns minutos. Sinto-me bem e isto é o importante.
Após os sessenta, amo estar encasulada. Será que um dia estarei pronta para romper o casulo e liberar minhas asas?
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