À escrivaninha. 25°C lá fora. Céu nublado e manhã silenciosa prometem tempestade mais tarde.
Horas antes de começar o novo ano, perdi a oportunidade de exercitar meu silêncio. Situações estressantes se apresentaram e minha impetuosidade foi mais forte.
Explodi.
Aprecie o silêncio
Por anos, venho lutando para manter o autocontrole em minhas falas e em minhas ações.
O silêncio me permite refletir sobre as situações desafiadoras, avaliar as consequências dos acontecimentos e agir com coerência e serenidade.
Refrear um temperamento impulsivo ao falar e agir não é tarefa fácil. Entretanto, praticar o silêncio me proporciona o tempo necessário para voltar ao eixo e não sucumbir às intempéries das situações e das pessoas.
Morda a língua
Perder o controle no último dia do ano foi frustrante. Meu destempero incomodou-me. “Idosa” e “perdeu a noção” feriram meu ouvido e marcaram minha alma.
Senti o peso do estigma.
Acordei hoje, neste novo ano, avaliando por que fui incapaz de encher a boca de água, fazer cara de paisagem e silenciar diante das situações desafiadoras.
Então decidi: em 2025, quero, preciso, devo continuar a exercitar ferozmente o silêncio. Morder a língua e retornar ao refúgio da invisibilidade que a idade me garante.
E desviar o furor.