Honestamente, eu só quero descansar

À escrivaninha. 24° C lá fora. O céu é um tapete azul maravilhindo. Manhã silenciosa e uma vontade de ficar em casa, enrolando, deixando as horas passarem… Principalmente depois dos sessenta, quando a preguiça da aposentadoria cochicha em seu ouvido que você não precisa fazer nada.

A vida não é fácil para aposentada, não! Se não mantivermos a mente viva e o corpo em movimento, a tendência é ambos acabarem atrofiando. E é justamente por isso que invento mil coisas para fazer. Não sei de onde tiro tanto projeto. Por que não fico quietinha assistindo tevê e lendo meus livros? Mas, não, enfiei-me em vários compromissos! Há momentos em que penso: “no que eu estava pensando?”. Se virou obrigação, onde ficou o prazer?

 Projetos que movimentam a vida

Sou apaixonada por escrever. Já publiquei um livro e estou na reta final da edição de um novo romance. No começo, esse processo me desafiava, exigia disciplina e mantinha minha mente sempre ligada. Criar personagens e dar vida a histórias é um exercício delicioso, sem dúvida. Entretanto, agora, ter que publicar um novo livro tem me tirado aquele prazer de antes, sabe? Virou um trabalho, e eu só queria escrever pelo prazer de escrever…

Além disso, conduzo oficinas de mediação de leitura, tanto online quanto presenciais. Neste fim de semana, estive, pela segunda vez, no Centro Cultural Justiça Federal ministrando para quase 30 pessoas. E não para por aí: estou tentada a me inscrever em um edital no CCBB para apresentar um novo projeto de mediação. No próximo mês, vou liderar outra oficina virtual — já tenho algumas pessoas inscritas e não dá para cancelar mais. Também tenho recebido convites para facilitar novos encontros presenciais, o que me deixa muito feliz, mas, ao mesmo tempo, desanimada e cansada.

Outro projeto que adoro é a minha live mensal de roda de leitura no Instagram onde recebo autoras para conversarmos sobre seus livros. Não posso deixar de mencionar minha participação no coletivo de escritoras, o Escreviventes. Com elas, participo de eventos literários, faço a mediação de nosso clube do livro, celebramos a escrita feminina e fortalecemos nossa voz. Essa troca é fundamental para me manter animada e longe da tentação de ficar parada. Os encontros virtuais me fazem sentir parte de uma rede ativa de escritoras e leitoras, o que me motiva a continuar engajada.

Ser ativa é ótimo, mas cansa

Participar de projetos culturais e eventos sociais me dá propósito, energia e uma sensação boa de que estou contribuindo e crescendo. Aquele convite para ficar no sofá parece irresistível, mas tenho consciência de que a melhor forma de cuidar da saúde mental e do bem estar na meia-idade é justamente não ceder à preguiça.

Mas, confesso que, mesmo com toda essa agenda bacana, às vezes bate aquela vontade de dar uma pausa. Tirar um ou dois meses sabáticos para descansar, respirar fundo e recarregar as energias. Passar o dia lendo, blogando e vendo tevê. Acho que é natural, e estou aprendendo a ouvir esse desejo interno sem culpa.

Essa é a minha vida hoje: um equilíbrio entre o prazer de estar ativa e a necessidade de respeitar meus limites. Continuar criando, compartilhando e participando, mas também aprender a desacelerar quando o corpo e a mente pedem.

E você, já sentiu essa vontade de pausar sem culpa?

Foto de Avery Evans na Unsplash

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