À escrivaninha. 23°C lá fora. O céu está encoberto e sombrio. Uma ventania agradável e assustadora prenuncia a queda da temperatura novamente. Que pena.
Surpreendi-me estressada por coisas pequenas, por problemas menores. Por que essa necessidade repentina de resolver pendências tomou conta de mim? Antes, eu estava me sentindo tão confortável por deixar que as coisas evoluíssem naturalmente. Para que tanta pressa?
Nesta pandemia, pessoas tiveram alguns funerais inesperados e antecipados, na família, entre amigos e conhecidos. Penso que isso esteja criando um certo senso de urgência. Toda a tristeza dos acontecimentos atuais nos lembram da fragilidade da vida.
A morte faz parte da vida, eu sei. Mesmo agora, quando ela parece estar à espreita, tentar apressar as coisas, ou me preocupar com o que precisa ser resolvido, só cria outros problemas que tanto me incomodam. Há tempos não me via tão estressada e com um sentimento de urgência para solucionar situações pendentes.
Eu vinha focando minha atenção na leitura, na escrita e nas séries. Embora essas atividades não sejam urgentes, a pandemia obrigou-me a viver devagar e no momento. Talvez esta seja uma maneira eficiente de aproveitar os prazeres simples e a alegria que a vida traz, junto com a tristeza e a perda. Mas, hoje, encontrei-me desesperada por dar cabo a outras atividades pendentes na quarentena. Que perda de tempo…
Meu advogado me disse: “As diligências pararam devido à pandemia, e só vou ver isto em setembro.” Ele está fora do Rio, vivendo a vida. Exatamente o que eu também deveria estar fazendo: vivendo a minha vida. Enquanto durar o distanciamento social. Até a vida voltar a seu novo curso. Que, definitivamente, não será como o de antes.
Respirei, refleti e percebi que a pressa já não é mais uma opção de como quero viver. Então, eu decidi voltar ao ritmo lento, pois compreendi que a vida seguirá seu curso. Independente de minha vontade ou pressa de que tudo se resolva logo.
Então, vou diminuir o ritmo, novamente. Reservar tempo para curtir meus passatempos e afazeres menores. Em vez de estressar sobre quantas coisas tenho a resolver. A pandemia mudou ou ritmo das coisas. Tenho de me apressar em diminuir o meu ritmo.
Afinal, o melhor da vida não são coisas. A vida é a jornada. Aproveitar o tempo e a jornada hoje e agora é meu objetivo. Por que me apressei antes do tempo?
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