À escrivaninha. 26 ºC lá fora. O mesmo céu desafiado por imensas nuvens brancas.
Após os sessenta, tenho me perguntado qual é o meu poder neste momento? Descobri que minha força agora se manifesta de maneiras inesperadas. Quero compartilhar essas percepções com vocês.
- Perspectiva. A capacidade de enxergar além dos horizontes imediatos tornou o meu olhar mais aguçado. Tem sido um desafio ignorar a superficialidade das situações e me deter no que realmente importa.
- Autenticidade. Sentir-se menos pressionada pelas expectativas sociais permite me expressar mais livremente e viver de acordo os próprios valores e sob os próprios termos. Isto atrai relacionamentos verdadeiros e afasta os indesejados.
- Paciência. Ainda preciso cultivar muito desse poder e entender a importância de dar tempo ao tempo e de resolver conflitos com serenidade. Isto inclui exercitar mais o silêncio e perceber quando é a minha vez de falar e de me calar. Afogar esta prolixidade e cultivar a reflexão e o aprendizado diante das intempéries — palavrinha bonita e assustadora.
- Humor. Ao longo dos anos, desenvolvi aquele humor sutil, com uma pitada de ironia, às vezes sarcásticas, em minhas palavras e ações. Isto tem se mostrado eficaz para desarmar preconceitos contra o etarismo e resistir à invisibilidade a fim de me manter viva, útil e interessante com a idade que tenho.
- Inspiração. Nossas histórias, conquistas e percepções são importantes meios de motivação e de influência para as pessoas com quem nos relacionamos. A gente se torna, ao mesmo tempo, mestra e aprendiz.
Apesar dos obstáculos que a sociedade tenta nos empurrar goela abaixo, tais como: Você não pode mais. Já passou da idade. Deixa isso para as mais jovens, temos o poder de sermos mulheres modernas, decididas, obstinadas, livres e apaixonadas.
Espero poder cultivar a capacidade de ser eu mesma, enquanto os neurônios funcionarem bem. Envelhecer não é tão fácil, mas a vida é boa. Todo dia é precioso. Contar as minhas bênçãos diárias, indubitavelmente, é o maior super poder.
Foto de Miguel Bruna na Unsplash