Netos estragam os avós?

À escrivaninha. 32°C lá fora. Céu nublado, mas nublado não vive meu coração.

Antes de nossa Princesinha nascer, como a maioria das avós, imaginava aquelas cenas de avós com netos no parque, a estragá-los com presentes e vontades, e deixando a tarefa difícil de criá-los para os seus pais. Afinal, avós são para curtir…

Quando esta criaturinha chegou em nossa vida, despertou-me, exacerbadamente, o sentimento maternal. Conforme ela crescia, aquele sonho era real: só “curtição” e nenhuma responsabilidade na criação. A vida eram brincadeiras, sorrisos e contentamento.

O sonho se desfez, alguns anos mais tarde, quando passamos a viver juntas sobre o mesmo teto. Logo descobrimos que nem sempre é fácil manter o relacionamento festivo o tempo todo. Ajustes são necessários, conforme a criança cresce e amadurece. Principalmente quando o assunto é disciplina.

Quando os pais trabalham a maior parte do dia, e os cuidados da criança ficam a cargo da avó, a relação fica um pouco mais complicada. A vovó não é mais para curtir, apenas, mas ela também é rígida com horários, deveres e disciplinas. Ambos, avós e netos, não ficam confortáveis com este novo papel de mãe-avó e filho-neto.

Entretanto, se alguns cuidados e ajustes forem observados, a convivência pode ser formidável, se pautada no amor e na confiança. Algumas lições foram aprendida nestes poucos anos convivendo juntas. A mais importante de todas é ganhar a sua confiança, através da criação de rotinas para aqueles momentos em que ela está sob minha responsabilidade.

Dicas para uma boa convivência avós e netos:

  • Horários e rotinas  deixam a criança segura. Ir ao curso de Inglês, à fonoaudióloga, às aulas de dança, ao colégio e outras atividades, exigem responsabilidades que precisam ser divididas. A repetição é fundamental. Ela sabe exatamente o que precisa fazer e qual a minha parte nesta tarefa.
  • Manter as regras e o estilo de disciplina dos pais, mesmo não concordando com eles completamente.  A autoridade da mãe, em nosso caso, não deve ser enfraquecida. Esta parte é muito difícil. Um aprendizado mesmo. A frase: “Quem decide é a sua mãe.” tem se tornado um mantra.
  • Sempre cumprir as promessas. Se não puder atender o pedido da criança, é melhor não prometer. Seja a compra de um brinquedo, seja um passeio, seja um programa na tevê, seja uma guloseima, enfim, se não quer ou não puder cumprir, não prometa!
  • Jamais usar presentes para manter a fama de avó boazinha. Quando vamos comprar algo, sempre reafirmo a necessidade ou a razão de tal compra. Realizar coisas juntas, como cuidar da horta, fazer dobraduras, ler histórias (preciso incrementar esta parte…), assistir a filmes juntas,  gravar vídeos da dança dela em frente à tevê, preparar saladas incrementadas, costurar roupinhas para as bonecas, ou quaisquer outras atividades ficarão em sua memórias por toda a vida. O melhor presente é o nosso tempo. Nunca me esqueço de vovó fazendo bolinhos de comida com a mão para nos dar na boca…

Netos estragam os avós

Obviamente não nos tornamos menos avós por assumir parte da educação dos netos. As alegrias  avoternidade de “estragar” a criança só um pouquinho não foi abolida por isso. Nada que conflite com as regras dos pais, vejam bem!

Comer doces, pipocas e chocolates (agora, nem tanto, por conta da dieta), dormir até mais tarde e faltar à aula porque está “doentinha”, e outras pequenas transgressões eu já cometi e cometo. Quando o assunto é sério, como faltar à aula, por exemplo, comunico à mãe dela antes e peço “permissão” para transgredir a regra.

Se  não ficarmos atentos, entretanto, nós, os avós, é que seremos “estragados” pelos netos, se cedermos a seus desejos. Às vezes a diversão é tão melhor que nem nos damos conta de que a criança está de dieta, de que aquele filme não é adequado à sua idade (adoramos filmes de terror), de que usar cola na mesa de vidro não é legal, de que pintar a unha de vermelho não é adequado para ir à escola e por aí vai.

Temos, entretanto, de ser firmes diante de pedidos exagerados. A sociedade não cobra dos avós a tarefa de educar e os comportamentos dos filhos. Ainda assim, precisamos ser coerentes em nossa permissividade. O importante é sempre lembrar que nossas ações e reações proporcionarão memórias duradouras a nossos netos. Que sejam, então, lembranças felizes, alegres, divertidas, e, principalmente, éticas. Somos os avós e não os pais da criança, mas nossa influência permanece.

E você, tem boas lembranças da influência de seus avós em sua vida?

Foto de Rod Long na Unsplash

3 comentários em “Netos estragam os avós?”

  1. Oi, Denise!
    Não recebi muita influência dos meus avós, pois quando nasci uma avó tinha falecido e os outros três eram bem idosos. Eu fui rapinha de tacho e tenho uma diferença de mais de 20 anos com meus irmãos. A avó que mais convivi foi a mãe do meu pai que ia para casa sempre que ficava doente. Ela me ensinou orações diferentes da igreja católica, religião que a minha mãe era seguidora. Essa minha avó era mística e não via diferença entre os homens, animais e plantas. Acho que ela virou fada quando partiu dessa vida 😀
    Já a minha mãe estragou muito a minha sobrinha e a minha irmã idem. Eu sou um pouco mais rigorosa com ela e quando a coisa esquenta, tenho que ir para lá apagar o fogo.
    Você me lembrou e fiz postezito de chamada para o BookCrossing Blogueiro. Obrigada!
    Beijus,

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    • Luma,
      Que bacana essa lembrança de sua avó, transformada em fada! Certamente este lado místico marcou, não?
      Sua mãe, como a maioria das avós e avôs, não “estragam” os netos por querer. Talvez seja por não terem a obrigação de educá-los, apenas curtem. Quando tomamos a responsabilidade de participar dos cuidados mais diretamente, tornamo-nos mais criteriosos.
      E vamos a mais um bookcrossing blogueiro!
      beijo, menina

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      • Esqueci de dizer que a minha sobrinha também é uma rapinha de taço, mas ela foi adotada, assim como os outros 5 sobrinhos que tenho pelo lado da minha irmã. Ela é a única menina e talvez por isso tanto mimo.
        +Beijus,

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