À escrivaninha. Faz 32°C lá fora. Céu nublado, sol escondido enganando os incautos que saem para caminhar sem filtro solar.
Pela primeira vez, este ano, saí de casa para uma consulta odontológica. Obviamente, estive em isolamento, desde a última saída, nas eleições do ano passado. Somente uma emergência retirou-me de casa. Caso contrário, eu seguiria invicta até ser vacinada contra a Covid-19, em duas doses.
Passei algumas horas fora, entre a ida à clínica odontológica e ao laboratório de radiologia. Tive de repetir a caminhada na direção oposta, no final da tarde, de volta ao consultório da dentista. Notei que muitas pessoas abandonaram o uso de máscaras completamente; outras, traziam-na ao pescoço, ou apenas sobre a boca.
Se eu tivesse alguma estratégia, garantiria que o dentista e a técnica do laboratório não representassem nenhum risco para mim. No entanto, encontrando-os com a máscara abaixo do nariz, enquanto eu estava deitada na cadeira, sem a minha própria máscara, talvez eu fosse o objeto perigoso na sala.
Passados nove dias, não apresento sintoma algum, e isto me deixa um pouco aliviada. Acredito que ainda não esteja fora de perigo, embora tenha seguido os protocolos. Entretanto, minha atitude em relação a isto, hoje, pesa menos do que imaginei.
Tenho alimentado a mente com positividade e mantido a esperança de boa saúde para os próximos dias. E manter o sorriso em dia, literal e emocionalmente, nesta pandemia prolongada.
Encontrar serenidade em meio a uma epidemia é difícil. Não alimento pensamentos incertos em relação ao futuro. “Agora” é o único tempo em que as coisas podem acontecer. O passado não pode ser mudado. O futuro, não sabemos o que vai acontecer. Concentro-me, portanto, no hoje.