Seja boazinha e fique bem quietinha

À escrivaninha. 32°C lá fora. Depois da chuva de granizo ontem, o tempo refrescou, apesar da temperatura alta. Que bons ventos nos protejam do calor. Porque, vamos combinar, amo um calorzinho, mas tudo tem limite, concordam?

Neste 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Penso que presentes nesta data é uma forma de desvirtuar o sentido da data, que é de luta e reflexão. Quando somos presenteadas ou homenageadas, ao dizerem: “Parabéns pelo seu dia”, eu interpreto assim: “Discriminada, desrespeitada, violentada? Tome estes cartões, bombons e flores; seja boazinha e fique bem quietinha! Nada de protestos, lutas ou reflexões, ouviu!”

Não são os bombons, as flores e os sorrisos que me incomodam, mas o desvirtuamento do sentido da data. É necessário que haja, também, discussões sobre o fato de que, embora tenhamos conquistado muitos direitos que nos foram negados, ainda há muito pelo que lutar contra os abusos históricos cometidos contra as mulheres.

Queremos o fim da violência doméstica; da exploração dentro de casa, em triplas jornadas de trabalho; da desigualdade salarial, da desvalorização da mulher na mídia! Queremos o fim da contaminação, pelo próprio parceiro, com doenças como AIDS e HPV! Queremos o fim das humilhações culturais, das discriminações e da impunidade aos agressores!

Queremos os bombons e as flores…

… para homenagear as mulheres que venceram preconceitos, humilhações, obstáculos e que merecem nossa admiração como símbolo de resistência e coragem, para conquistar direitos negados pelas constituições. E para lembrar que ainda estamos muito distantes de conquistar outros tantos que nos assegurem liberdade e igualdade, no trabalho, no lar e na sociedade.

Creio que é oportuno lembrar os direitos das mulheres, segundo a Organização das Nações Unidas:

  • Direito à vida
  • Direito à liberdade e a segurança pessoal
  • Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação.
  • Direito à liberdade de pensamento
  • Direito à informação e a educação
  • Direito à privacidade
  • Direito à saúde e a proteção desta
  • Direito a construir relacionamento conjugal e a planejar sua família
  • Direito à decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los
  • Direito aos benefícios do progresso científico
  • Direito à liberdade de reunião e participação política
  • Direito a não ser submetida a torturas e maus-tratos

Repetindo:

É necessário que haja discussões sobre o fato de que, embora tenhamos conquistado muitos direitos que nos eram negados, ainda há muito pelo que lutar contra os abusos históricos cometidos contra as mulheres.

Pensem nisto, com bombons e flores, com homenagens e com afeto, se desejarem. Mas, sobretudo, com respeito e responsabilidade.

Você pode conferir aqui neste link: Programas e Ações – Violência contra a mulher.

Foto de Sydney Sims na Unsplash

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