À escrivaninha. 29°C lá fora. Noite quente no inverno carioca. Que venha a primavera.
Para o décimo sexto post participante do projeto, vou compartilhar um poema de Mario Quintana que traduz um sentimento que voltou à tona está tarde.
Confissão
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece…
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
Mario Quintana
Uma tempestade dentro de mim
Li, certa vez, em um no post da Grace Olson, algo que me fez refletir sobre o que eu sentia mas não sabia expressar. Ela traduziu bem o sentimento de uma mãe quando revê o filho que se foi, ainda que em sonho: “… me dá paz, calma, vê-lo em sonho. Mesmo que por raros momentos. Acreditem que a tristeza não ficou. Ficou a saudade. A doce lembrança. E uma vontade louca de viver.”
É exatamente assim que me sinto, com uma necessidade imensa de viver e ser feliz, embora com tanta saudade. Isto me fez lembrar do filme a que assisti anos atrás, Half Light, Protegida por um anjo, em que a mãe ouve de alguém, a respeito do sofrimento dela, que seu filho não desejaria que sofresse a morte dele, mas que se lembrasse de sua vida.
Há momentos em que sinto que vou explodir, mas, olho para o céu e peço socorro. E o conforto vem. Não estou conformada com o que aconteceu, mas confortada. Olho a foto dele e sorrio. Ele me sorri também.
É Quintana, esse terremoto faz acontecer um turbilhão de coisas dentro da gente. Penso que esta paz e este meu silêncio esconde uma tempestade dentro de mim…
Foto de Anastasia R. na Unsplash
* Este post faz parte do BEDA – Blog Every Day (April/August), um projeto coletivo em que os blogs se propõem a postar todos os dias do mês. Ele pode acontecer em Abril e/ou em Agosto