Para celebrar o 7º ano deste blog, convidei grandes e especiais amigos e amigas, para me honrarem com sua escrita, e encher o blog de alegria e boas ideias! Hoje, quem participa da temporada de guest posts é a minha amiga antenadíssima Ana Cláudia! Boa leitura!
Artesanato, escola e reciclagem. Funciona,mesmo?
Por Ana Claudia Bessa
Quando a Denise me convidou para fazer parte das comemorações de 7 anos de seu blog, eu fiquei muito feliz e honrada! Tenho imenso orgulho de ter a amizade dessa grande mulher que é uma inspiração constante para mim! Um exemplo! Fiquei pensando muito no que poderia expressar tudo o que a Denise fala em seu blog e acho que encontrei um assunto que une nós duas e nossos ideais.
Quem é pai e mãe de criança sabe: datas comemorativas e aula de artes andam sendo constantemente acompanhadas de pedidos para que os pais separem caixas e embalagens para as crianças fazerem ARTE. Pais que somos, sempre elogiamos o esforço dos filhos e recebemos com alegria e carinho aquele presente.
Mas sendo racionais, temos que admitir que apesar do carinho e do esforço de nossos filhos queridos, a maioria destes presentes acabam não sendo aproveitados ou utilizados e alguns vão, cedo ou tarde, invariavelmente para o lixo.
Consumir para reciclar?!
Somado a isso, é comum as escolas solicitarem materiais e embalagens para reaproveitamento sem aviso prévio e com uma certa urgência. E aí vem a pergunta: quando você não tem a embalagem de iogurte, por exemplo, você deixa de enviar, pede pra vizinha, ou corre no mercado e compra a embalagem para mandar para a escola?
A intenção da escola, claro, é incentivar e ensinar as crianças (e as famílias) a inserir a reciclagem e o reaproveitamento nas nossas rotinas e nos hábitos das crianças. A intenção é indiscutivelmente a melhor possível.
Mas a gente precisa aplicar todo o nosso bom senso (e as escolas também e principalmente) e pensar que a partir do momento que precisamos comprar o iogurte (vamos continuar no nosso exemplo do iogurte) para enviar a embalagem para a escola, a reciclagem não só perde o sentido como inverte, já que temos que consumir para reciclar (oi?).
Fora que, no caso do nosso exemplo ( o iogurte), para “descartar” um potinho para a arte da escola, normalmente, se compra SEIS!
Ecologicamente, me pergunto sempre, se além de tudo isso, essa arte não prejudica a reciclagem destas embalagens. Tinta, cola, mistura de materiais…. será que essa atitude não é , de certa forma, ilusória, mas também realmente prejudicial ao meio ambiente?
Então, o que nós devemos fazer?
Vejo que mais uma vez, todos nós temos que fazer a nossa parte. A escola precisa se colocar à frente nesta tarefa. Principalmente, porque é ela que solicita o material e planeja a atividade.
Este planejamento precisa ser feito com antecedência para que a família possa ter tempo hábil para consumir determinadas embalagens. Por exemplo, nós aqui na minha casa, não somos muito de tomar leite, portanto, uma caixa de leite, duuuuuura. Precisamos de tempo para esvaziá-la. Ou então, preciso de tempo para conseguir com alguém a referida embalagem, que também precisa de algum tempo para esvaziar a mesma.
Na minha cabeça de leiga em educação escolar, eu penso que a escola precisa se colocar à frente pelo simples fato de que ela está educando para o futuro. Sendo assim, não posso aceitar que a escola se comporte com o pé no passado.
Para isso, é fundamental o planejamento por parte da escola. A escola precisa pedir aos professores de artes um planejamento das atividades que exijam materiais visando a reciclagem. Só assim poderemos garantir que estamos realmente agindo e educando em prol do meio ambiente.
Coisas feias viram lixo, muito rápido
Outra coisa importante é a finalidade da arte-embalagem. Primeira coisa neste quesito: a arte precisa ser bonita. E aí, que me desculpem os professores de artes, mas é difícil achar um trabalho que de fato nos surpreenda. Chego a me perguntar em que aquele trabalho está educando. Porque às vezes são rabiscos aleatórios que parecem não ter tido nenhuma orientação.
Tudo bem, eu sou a favor da liberdade de expressão, ainda mais das crianças; mas um presente não é um momento de colocar em prática para os pais o que vem sendo trabalhado pela criança? Porque, de certa forma, também para diminuir a chance de ver essa arte ir para o lixo com o tempo, é importante que seja bonita. Vamos falar a verdade, coisas feias viram lixo, muito rápido. Fazer por fazer sempre, não dá.
E esperar que os pais critiquem ou dizer que ninguém nunca reclamou, é inaceitável (escolas adoram falar isso: ninguém reclamou….). Tô prá ver nascer um pai ou mãe que chegue na escola para dizer: olha, aquele presente do meu filho foi muito feio e joguei no lixo porque, além de tudo, não serve pra nada! E eu que sou sincera em grau avançado não consigo fazer isso. Imagine os pais mais reservados…
Puxando o gancho, é bom que o tal presente seja útil. Não é fundamental mas…. terá duas vezes mais valor.
Resumindo:
- a primeira preocupação da escola: tempo.
- Segundo, planejamento.
- Terceiro, beleza.
- Quarto: utilidade.
Isso tudo porque, uma vez que essas coisas forem para o lixo, elas raramente serão recicladas porque estão totalmente misturadas a outros produtos como colas e tintas.
Agora, e a nossa parte como família ?
Precisamos cobrar e questionar da escola uma postura mais condizente com a educação para o futuro. Se a escola pede um material que não temos, precisamos perguntar qual o tempo temos para enviar. Questionar o planejamento da tarefa: quais as tarefas, no decorrer do ano, que vão precisar deste tipo de material? Com que antecedência esses materiais serão pedidos?
Feito isso, vamos à nossa casa. Como agir quando não temos o material? Compramos? Náo! Isso não tem sentido. Estaremos gerando lixo para reciclar? Isso não faz sentido. Precisamos sim, dar destino a itens que de fato estamos consumindo.
Mas aí, e os filhos? Ficam sem fazer a atividade? Neste ponto, precisamos voltar à escola. E conversar com eles para dizer que não temos determinado material ou que não conseguiremos o mesmo a tempo da atividade e que queremos saber o que será feito com as crianças que estão nesta situação. Temos material alternativo? Nada será feito? Enfim…esses questionamentos são importantes para que não sejamos passivos com a educação dos nosos filhos para a sustentabilidade.
Eu vejo esta postura como fundamental para mostrar à escola nosso desejo, nossa determinação, nosso empenho e comprometimento, e nossa postura ativa, questionadora e em busca do aprimoramento do comportamento da família e da escola para plantar as sementes da sustentabilidade e não da ilusão.
E por aulas de arte que nos surpreendam!
Ana Claudia, obrigada! Realmente este assunto tem tanto a ver com nós duas e com a educação ambiental, em casa e na escola, pela qual tanto lutamos.