À escrivaninha. 21ºC lá fora. Céu encoberto, maravilhosamente azul, salpicado de nuvens. Um vento frio levanta as cortinas e me arrepia. Junho inicia frio e triste, marcando a chegada da metade do ano. E me lembrando de que também já ultrapassei a metade da vida.
Chega um momento, em nossa caminhada, em que a idade nos atinge. Podemos lutar contra esta evidente realidade ou aceitá-la. Aceitar não quer dizer desistir. Todos acabaremos na mesma condição, eventualmente. Só podemos controlar a nossa atitude sobre isto, ao longo do caminho.
Alguns dias me sinto velha, porém, mesmo nesses dias, sou grata por estar de pé, por andar, por raciocinar com minha própria mente. Ainda me sinto móvel e saudável, mesmo que minhas juntas pareçam discordar atualmente. Agora, há pouco, dei um jeito nas costas, ao empurrar um armário leve…
Estou aprendendo a respeitar minhas restrições físicas. Ainda que faça exercícios e me alimente direito, tenho plena consciência de que, após a metade da vida, os nossos corpos estão cansados. Temos menos energia. Demoramos mais para fazer alguma tarefa mais trabalhosa.
Talvez eu tenha mais alguns anos pela frente e estou preparando meu corpo e minha mente para isso. Tento não me preocupar com o que pode estar por vir. A vida ainda pode me surpreender e, com certeza, é mais eficiente para meu corpo e minha mente vivê-la à medida que chega. Essa tem sido a minha experiência até o momento.
Estou emocionada e agradecida por meus 64 anos estarem se aproximando. Eu ainda estou aqui, enquanto algumas pessoas que amo não tiveram tanta sorte. A maior parte do tempo, esqueço-me de que os anos estão passando. Até que me olhe no espelho…