À escrivaninha. 23°C lá fora. Tarde nublada, chuvosa e fria. Seguimos em um difícil distanciamento social.
Ultimamente, pareço gastar muito tempo tentando encher as longas horas do dia. Separo um momento matinal para me exercitar e me alongar, após o café da manhã.
Depois de lidar com as tarefas domésticas, leio posts de blogs no Feedly, escrevo rascunhos de posts para o blog, leio livros de ficção científica, romances, suspenses e biografias. Assisto a alguns episódios de minhas séries de fantasia, suspense, magia, ficção científica e algumas de investigação. Passo algum tempo conversando com amigos e familiares nos aplicativos de vídeo ou de conversa, e jogo um pouco de Hayday e Sudoku no celular.
Geralmente, faço estas coisas na escrivaninha, meu lugar de refúgio. Assistindo o dia passar lentamente pela janela do meu quarto, em frente à escrivaninha . Sinto como se estivesse no modo de espera. À espera da reabertura da vida. À espera de que a vida pareça um pouco mais “normal”, basicamente. E isto parece um filme de ficção, em que o futuro nunca mais será o mesmo.
Enquanto meus pensamentos voam, tento prever como será o mundo pós-COVID19, e sinto uma tristeza profunda a me doer o peito. Talvez seja porque junho é o mês de meu aniversário – completarei sessenta e três anos daqui a algumas semanas. Talvez porque se aproxima o Inverno, com seus dias frios e soturnos.
Ou, Talvez, seja muito isolamento, em silêncio a maior parte do dia. Talvez seja só eu me sentindo sem fé na humanidade. Na incerteza constante de que as coisas irão melhorar. Às vezes, sinto raiva dos negacionistas da ciência e da letalidade do vírus. E de como isto pode estender a gravidade do problemas de saúde por muito mais tempo.
Embora esteja um pouco triste, preciso evoluir e entender que as nossas necessidades e desejos mudam. Então, eu estou começando o próximo ano novo da minha jornada de vida pós meia-idade. Aqui, à escrivaninha, no meu lugar para reabastecer, recarregar, descansar e relaxar, penso no meu futuro próximo.
Quero criar um retiro pessoal e me permitir priorizar minhas paixões. Percebo que não há mais tanta energia em meu corpo envelhecendo. Talvez, agora, neste período de incerteza, seja o momento perfeito para refletir sobre como recuperar a alegria da vida e criar uma visão para um futuro mais saudável e feliz.
Todo dia é, realmente, um dádiva que eu aprecio da melhor maneira possível. Com todo mundo pensando em sua existência e no significado da vida, é difícil não fazer o mesmo. Eu percebo que comecei a me sentir confrontada com o envelhecimento. Às vezes me lembro de que há um ponto final se aproximando.
Com essa perspectiva quero mergulhar completamente na minha nova idade. Quero continuar acordando cedo com um senso de propósito. Há refeições a serem feitas, rotinas domésticas diárias a serem cumpridas, aulas de ginástica e sessões de alongamento para realizar, e-mails e mensagens para responder, leituras que quero fazer, postagens para escrever, orçamentos para administrar, filha e neta para afofar, novas paixões para explorar.
A lista nunca termina. E muda regularmente. Sou imensamente grata por ter um tempo regular e ininterrupto com a família, amigos e comigo mesma.
Então, é hora de recuperar a vida e descobrir uma nova maneira de funcionar com a mudança de estilo de vida no mundo. Um dia de cada vez. Aprecio o silêncio, decido a minha emoção ante a adversidade, priorizo minhas necessidades.
Ao mesmo tempo, isso me fez repensar muito do que eu considerava “normal” e “necessário” e recuar ainda mais, me estabelecer em meu lugar de refúgio e gostar de ser introvertida por um tempo.
3 comentários em “Como criar um lugar de refúgio”