À escrivaninha. 27 °C lá fora. Céu nublado e fim de tarde silenciosa.
Após os 60 anos, tenho percebido que muitas vezes sou tratada como se fosse… bem, vamos dizer, um pouco “desatualizada”. Eu sinto que, às vezes, as pessoas falam comigo de uma maneira que me faz sentir como se eu não entendesse nada. Explicam coisas óbvias, como se eu fosse uma criança. E sabe o que é pior? É que isso acontece até mesmo em ambientes onde deveria ser respeitada como escritora e professora. É como se a minha idade automaticamente me tornasse menos capaz de entender o mundo moderno.
Como uma idosa
Comecei a trabalhar com computadores quando ainda era jovem e sempre estive atenta às novas tecnologias. Na verdade, minha experiência me permitiu entender melhor como o mundo evolui e como podemos nos adaptar. Além disso, tenho aprendido coisas novas ao longo dos anos e vivi momentos que me ensinaram a valorizar a vida. Não quero ser vista apenas como alguém que “ainda consegue” usar um smartphone, mas como uma pessoa que tem uma perspectiva única e valiosa sobre o mundo.
Poderia enumeras dezenas de situações semelhantes. Quando alguém se oferece para “ajudar” em tarefas simples como se eu não fosse capaz de fazê-las sozinha. Vendedores me explicam produtos de forma simplista, como se eu não entendesse as especificações técnicas. Em consultas médicas, as falas paternalista a respeito de conceitos básicos de saúde como se eu nunca tivesse ouvido falar deles antes.
Quero que saibam que estou aqui, escrevendo e compartilhando minhas histórias, não como uma “senhora idosa”, mas como uma mulher que viveu, aprendeu e ainda tem muito a dizer. Quero ser respeitada por minha experiência e sabedoria, e não apenas por minha capacidade de “seguir o ritmo” dos mais jovens. A idade não define nossa capacidade de entender ou contribuir para o mundo.
Silêncio é resistência
Se aos sessenta e tantos já me tratam assim, imagino daqui a alguns anos. Não precisamos de condescendência. Precisamos de respeito e consideração. Por essas e outras tenho apreciado cada dia mais o silêncio. Isto dá às pessoas a sensação de que estão sendo úteis e, de certa forma, deixo-as pensarem que têm algum poder sobre minhas decisões. Evito o cansaço e adio o estresse.
Você também já se sentiu assim, por favor, compartilhe sua história nos comentários abaixo.
Foto de loli Clement na Unsplash