Amargamente ilegal

À escrivaninha. 32°C lá fora. Céu azulindo nessa manhã quente de primavera. Ainda que em alguns países a pena de morte seja considerada legal, nossas crianças precisam saber que a vingança não tem sabor de alegria e festa. Pelo contrário, é extremamente amarga e nos torna tão cruéis como nossos algozes.

Com tanta violência no mundo, as pessoas já não se sensibilizam quando um criminoso é executado. Pelo contrário, cantam e comemoram a “vitória”. Isto me leva à questão: se não repudiamos as execuções bárbaras e punimos os malfeitores com a morte, não nos tornamos executores semelhantes?

Não sou a favor da pena de morte. No Brasil, matar é ilegal. Acredito que crimes devem ser punidos, mas sem a hipocrisia de que a justiça só é feita com execuções sumárias. Matar é julgar  sumariamente. E matar nada tem a ver com justiça. Nada justifica festejar a morte de alguém.

Como esperar mudança de vida e de posicionamento diante de um mundo caótico, injusto e e violento se não há mudanças individuais? 

Que valores estamos transmitindo a nossas crianças: fazer justiça é promover a vingança? A morte de nossos inimigos deve ser celebrada?

Se não perdoamos, a pressão de nosso inimigo contra nós continuará nos roubando a paz. Ao fermentarmos nossa raiva, alimentamos pensamentos de vingança e nos tornamos capazes de cometer transgressões muito piores do que a que sofremos.


Este post participa do #Literoutubro, cuja proposta é escrever um texto sob o tema disutópicos, a fim de explorar ideias de sociedades perfeitas ou falhas, e as tensões entre o desejo de utopia e a realidade de distopias.

O tema de hoje: ILEGAL.

Imagem: Canva

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