À escrivaninha. 25°C lá fora. Manhã nublada de Carnaval.
É muito comum pessoas idosas serem solicitadas a fazer as coisas para os filhos e netos. Em algumas ocasiões, amigos e parentes também as fazem de “meninos de recados” ou ajudantes. Algo que eles próprios poderiam fazer sozinhos.
A necessidade de se sentir útil e amado, às vezes, coloca o idoso em posição de exploração. Quando estou ocupada demais para fazer qualquer outra coisa, ou realmente não quero fazê-lo, é meio complexo apenas dizer “não”.
Quando os pedidos são insistentes, revejo meus valores sobre o que é relevante para mim: vida saudável, bom relacionamento familiar e autonomia. E escolho minha autonomia.
Aprendi uma maneira efetiva de negar algo a alguém, sem me sentir mal: gratidão, sugestão e apoio moral.
A primeira atitude, antes da negativa, é demonstrar gratidão por ter sido lembrada: “Obrigada por pensar em mim para lhe ajudar!”, e, em seguida, dizer que não posso fazê-lo.
Para não ser absolutamente imprestável, dou algumas sugestões para solucionar o problema: “Por que você não tenta fazer isso desta maneira?”, ou “Conheço alguém que faria esse serviço para você por um precinho bem camarada”.
E finalizo com apoio moral, ressaltando a capacidade de a pessoa realizar o que precisa, sem a minha ajuda: “Tenho certeza de que você consegue fazer isso”.
Expressar minha recusa, educada e graciosamente, tira o foco de mim e esclarece por que não posso ajudar. Ao devolver o foco a quem me pediu para fazer algo, tenho esperança de que ela irá contratar alguém para o serviço ou pedirá ajuda a outra pessoa.
Gratidão por ser lembrada, sugestão sobre como solucionar o problema e apoio moral para ressaltar a capacidade da pessoa solicitante, geralmente são eficientes ao dizermos “não”, sem nos sentirmos inúteis e imprestáveis.
Na maioria das vezes, a pessoa, posteriormente, vem agradecer a sugestão dada para solucionar o seu problema. E seguimos todos felizes.
Imagem: Prateek Katyal by Pexels