À escrivaninha. 31°C lá fora. Perspectiva de chuva e mais calor nos próximos dias. Enquanto isso, a previsão da tensão ante à apuração do pleito democrático é de tempestades emocionais. Haja coração. Escrever foi a minha saída para acalmar a mente e o coração.
Durante a jornada de escrita de um romance, diversas vezes nos deparamos com a dificuldade de criar algo único. A impressão de que alguém já escreveu algo do gênero castra a criatividade e tolhe o processo criativo em determinados momentos.
Para superar esse sentimento de não ineditismo, apenas escrevo deixando todas as outras histórias que já li se entremearem a minha. Prendo-me à crença de que os leitores e leitoras nem sempre querem algo “único”. Às vezes preferem algo familiar, mesmo que seja um clichê. Algumas pessoas precisam dele para se conectarem em uma história.
Assim, escrevo, esperando que a minha história encontre eco em pelo menos uma alma leitora. Desejando que a saga de minhas personagens ressoe nas pessoas certas. Obviamente, é improvável que reverbere em todo mundo, tenho consciência disso. Sempre haverá quem odeie meu romance, e quem mal possa esperar até lerem o próximo.
Leitores amigos ou inimigos
Mantenho sempre ao meu lado leitoras dispostas a acompanhar o passo a passo de minha história. Trocamos ideias, refletimos temas complexos e sensíveis, conversamos sobre os possíveis caminhos e os impossíveis também.
Além disso, submeto meus escritos a algumas outras pessoas, amigas e estranhas, para darem suas impressões sobre a trama. Umas costumam ser bastante benevolentes e extremamente elogiosas. Outras, bem exigentes e críticas ferrenhas de certos aspectos de minha criação.
Desde que comecei a produzir meus romances, tenho feito parte de grupos de escrita, onde analisamos os textos uns dos outros. Apoiamo-nos mutuamente e suas críticas, sempre gentis, mas imparciais e perspicazes, visam ao aprimoramento de nossa escrita.
Tropeço ou escalada
Críticas podem ser uma pedra de tropeço no fluxo criativo. É preciso humildade e determinação para prosseguir escrevendo, depois de recebê-las. Deixar-se levar pelas positivas e acomodar-se é uma opção. Ou prestar atenção nas severas e verificar em que parte do caminho tropeçamos e precisamos nos reerguer.
Eu levo todas as críticas a sério. Depois de considerar cada impressão recebida, preciso tomar uma decisão: contornar a pedra e manter o texto intacto, ou escalá-la e destrinchar as possibilidades de melhoria nele.
Penso ser minha responsabilidade como escritora escolher qual crítica seguir ou ignorar. E continuar a escrever o melhor livro que posso.
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