Sonhos ou aspirações?

À escrivaninha. 27 ºC lá fora. Enquanto estou aqui refletindo sobre meu bloqueio criativo, uma brisa fresca atravessa a renda da cortina em minha janela. Ao fundo, uma trovoada. Em instantes, uma chuva fina e persistente começou a cair. Um cheiro refrescante de terra molhada me fez respirar fundo e sorrir.

É uma tarde perfeita para ficar em casa, tomando uma xícara de café ou chocolate quente. Às vezes há grande beleza próximo de nós, basta parar um momento para respirar e procurá-los. Um bem-te-vi repete insistentemente que concorda comigo.

Bloqueio na escrita

São meados de abril e ainda não tenho certeza se quero voltar a trabalhar no romance novo. Até o começo do ano, as palavras fluíam livremente. Eu estava otimista com o fluxo de escrita e apaixonada pelo objetivo de publicar um segundo livro. Meu esboço está completo. Os rascunhos dos quase quarenta capítulos estão escritos. Entretanto, a motivação para terminar a edição não dá nenhum sinal de vida.

Sou escritora, blogueira e mediadora de leitura. Também sou facilitadora de oficinas e faço mentorias — não gosto desta palavra. Sinto-me pronta e disposta a compartilhar meu aprendizado com outras pessoas que precisam de ajuda no planejamento de seus projetos de mediação de rodas de leitura. Realizar estas atividades tem sido fácil e gratificante. Quero dizer, as duas últimas, pois, ultimamente, não me sinto escritora. Até quando? Não tenho ideia.

Cuidar de mim

Este ano, minha palavra inspiradora é “cuidado”. Cuidar de mim, da minha saúde física e mental. Cuidar dos meus projetos depois da aposentadoria. Será que vou conseguir dar conta de tudo com facilidade? Provavelmente não. Embora eu acredite que sou capaz de dar conta de muitos projetos ao mesmo tempo.

Sei que estou pronta para trabalhar menos e me divertir mais; para dedicar minhas energias a pessoas e projetos com os quais me importo. Talvez seja por isso que a motivação para escrever no novo romance anda esfriando?

Recuso-me a acreditar que não me importo com o romance. Pode ser uma fase. Nos últimos meses eu não tenho vontade de fazer nada no manuscrito. Mas sempre encontro algo para fazer porque não quero quebrar minha disposição de todo. Então me ponho a escrever no blog, mediar rodas de leitura, assistir a um programa, filme ou episódio de série na TV, ou cozinhar uma comida nova.

Aspirações são possibilidades.

Definir aspirações nos força a focar no que é possível, no que podemos fazer.  Para que o sonho de publicar um segundo romance se torne realidade, preciso de um desejo profundo de atingir esta meta. De decidir que passos preciso dar para chegar lá, ter objetivos concretos que me façam focar no que é possível e no que posso fazer.

E é aqui que entra o cuidado comigo mesma. Ao priorizar minha saúde e bem-estar, estou criando condições para que minhas aspirações se fortaleçam. Uma hora vou começar a definir pequenos objetivos diários para o meu romance, como dedicar um espaço na agenda à escrita ou revisão. Vou me permitir descansar quando necessário, mas também vou me comprometer a avançar, mesmo que seja um pouco de cada vez.

Uma hora vou…

Foto de Wyxina Tresse na Unsplash

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