À escrivaninha. 29°C lá fora. Quem gosta de dias nublados?
Após a meia-idade, sinto aumentar o desejo crescente de viver com significado e autenticidade. Aos 62 anos, estou agradecida por estar aqui.
Enfrentamos desafios e eventos inesperados que mudam nossa vida de diferentes maneiras. É como reagimos a tais circunstâncias que faz toda a diferença. Não me importo mais com muitas coisas que julgava importantes.
Aceitei, finalmente, que sou livre da responsabilidade de educar netos. Que avós nunca terão de fazer as coisas por sua própria conta. Apenas compartilhar seu tempo energia e cuidado.
Eu perdi tanto tempo tentando desempenhar um papel que não era meu e tenho trabalhado para me amar e me divertir. E deixar a tarefa de educar para a mãe. Tenho a oportunidade de estar presente e não quero perder nada, ainda que me excluam, algumas vezes. Ou eu me excluo…
Ser avó é a melhor coisa que já me aconteceu. Eu quero estar presente. Às vezes, eu quero estar longe. Sentir falta. Sentir saudade. Não sentir. Longe dos olhos, longe do coração.
Admito que sou avó-secretária. Policio-me, entretanto, para desfrutar da presença diária de minhas lindas neta e filha, nos meus próprios termos! Estar disponível para auxiliar na agenda escolar e extraclasse, cozinhar quitutes saborosos, manter a rotina organizada enquanto a mãe trabalha? É uma escolha, não uma imposição.
Quando decidi mudar os limites e as fronteiras de até onde eu quero ir e o que eu quero fazer, a vida ficou mais leve. Coloquei-me como prioridade, e isso é tão libertador! E a família tende a se adaptar, quando mudamos nossa atitude e nossa disponibilidade.
Espero viver esses anos, após a meia-idade, com um senso de propósito e realização. Ser feliz ou estar feliz depende de que limites e fronteiras estabelecemos para nós mesmos.
Imagem: Andrea Piacquadio by Pexels