À escrivaninha. 31°C lá fora. Céu limpo, com uma luminosidade estonteante. Em uma semana será primavera! Amo dias claros e quentes.
Os dias têm sido uma repetição de curtir a solidão da leitura e da escrita. São, literalmente, horas, às voltas com livros e blogs. Sentada, diante da janela, à escrivaninha, olho o céu, ouço os pássaros, e penso se não deveria sair um pouco de casa.
Passei muito pouco tempo ao ar livre este ano. E o ano passado também. Não tenho certeza de que isto tenha sido bom para o meu espírito. Porém, nas poucas ocasiões em que precisei sair (sim, só saio se houver necessidade), estressei-me mais que relaxei.
Penso, neste momento, se me mantive saudável, tanto mental quanto fisicamente, neste isolamento prolongado. Com a solidão imposta pela minha situação atual, devido à pandemia e à aposentadoria, tenho muito tempo para refletir. E escrever sobre minhas reflexões.
É fácil ficar entediada por passar tanto tempo com meus próprios pensamentos e neste pequeno apartamento. Porém, não me sinto assim. Meu foco está em minhas necessidades físicas e emocionais, e tento permanecer sã nesta inusitada época de agenda vazia.
Se me canso de ler e escrever, vou assistir a filmes ou a séries. Se sinto fome, cozinho algo saudável. Se estou estressada, entretenho-me com jogos no celular. Se estou sozinha, converso com uma amiga, online. E volto a escrever. E a ler.
Na verdade, posso fazer o que quiser até que meu dia acabe. Ninguém se importa onde estou ou o que faço. Não quero novas atividades. Tenho o suficiente para ocupar meu tempo: a leitura e a escrita se encarregam de acalmar minha alma.
Desenvolvi a capacidade de ficar em meu lugar de refúgio – minha escrivaninha, à janela, e de cuidar de mim da maneira mais essencial.
Aprendi a cultivar o que preciso para ser feliz e confortável. Mantenho a esperança de que dias melhores virão e poderemos confraternizar com segurança.
Por ora, deixe-me curtir a solidão. Lendo e escrevendo.