À escrivaninha. 22°C lá fora. Manhã nublada. Distanciamento social.
Assisto às aulas do curso Escrita Criativa, em um aplicativo, todas as manhãs. O professor diz: “narrar é selecionar detalhes”. Com este olhar seletivo, escolho o que me parece relevante. O que meu coração seleciona como tocante.
Não quero registrar o que fere e decepciona. Realismo seletivo.
Existe informação inútil? Tudo é relevante quando selecionamos como tal. O que funciona como importante para mim, pode não ser para os outros . As coisas têm a importância que damos a elas.
Escolhas em tempo de epidemia global e distanciamento social. Sinto saudades da universidade. Esta rotina de assistir a aulas online, todas as manhãs, deixou de ser compulsória por força da “quarentena”, e tem se transformado em um prazer redescoberto.
A filha diz: “Volta, faz uma pós-graduação”. Sei que posso fazer isso. Mas escolhi as aulas à distância. Gosto de estar sozinha, em casa, imersa em minhas leituras e escrita. Sem grandes aventuras ou grandes empreendimentos. Gosto de pequenos encontros e eventos, de vez em quando. Mas aprecio meus dias em casa.
Agora, após os 60 anos, quero apenas apreciar a vida. Sou grata pelo que tenho. Um lar, abrigo, família. Quando tantos estão à mercê desta tragédia social. Reagir bem ou mal aos eventos é a questão. Sou grata pela graça de ser positiva. Grata por cada oportunidade de crescimento e aprendizado.
Apenas abraçar a jornada. Escolher a atitude diante da adversidade. Relaxar, respirar. Olhar para o que enche a minha vida e repensar o que é importante. E selecionar detalhes relevantes.