Escolher quando e como ser vista

À escrivaninha. 27° C lá fora e um céu azul que convida à tranquilidade. Após os sessenta estar fora do radar, longe das pressões e cobranças, tem me trazido uma liberdade preciosa – a de observar o mundo com calma, sem pressa e sem culpa.

Muitas vezes, a invisibilidade que sentimos nessa fase da vida é encarada como um fardo. Mas, para mim, ela é um presente. Passar despercebida me permite observar as pessoas e os detalhes ao redor com tranquilidade, sem a necessidade de justificar minha presença.

Ontem, por exemplo, após uma sessão de Pilates, fiquei observando alguns adolescentes conversando perto de mim, enquanto aguardava minha Princesinha. Por um instante, pensei estar sendo invasiva, mas percebi que sequer notaram minha presença. Era como se eu não estivesse ali. Gostei disso.

Essa invisibilidade não é um refúgio passivo, mas uma escolha consciente. Posso decidir quando e como quero ser vista e, e nesses momentos, me apresento inteira, com gentileza, firmeza e autenticidade.

O mundo pode não me enxergar, mas eu me vejo: plena, produtiva, interessante e útil. Invisível? Nunca.

Fazer parte de uma multidão já não é tão importante. Hoje, valorizo relacionamentos significativos que me sustentam e inspiram. Não busco mais aceitação externa; aprendi a confiar nas minhas escolhas e a viver com liberdade, independente das expectativas alheias.

Ter consciência dos limites do tempo é um motivador

Após os sessenta, com a consciência da finitude do tempo, aprendi a deixar de lado o que não me serve e abracei uma vida mais leve, autêntica e pacífica. Essa invisibilidade, longe de ser um estigma, é uma oportunidade de me conhecer melhor e exercer minha liberdade sob meus próprios termos: confiar mais em mim e permitir que meus valores e minha experiência me guiem.

Quando compreendemos que o tempo é finito, passamos a priorizar o que realmente importa: relações genuínas, paixões redescobertas — escrever romances e contos, por exemplo —, momentos de silêncio e de reflexão. A pressão para agradar ou corresponder a expectativas externas perde a força diante da vontade de ser fiel a mim mesma. 

E você, como tem vivido essa fase da vida? Que descobertas a invisibilidade social trouxe para você?

Foto de Yogurt Yogurt na Unsplash

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