À escrivaninha. 23°C lá fora. Tarde nublada e fria com promessa de pancadas de chuva logo mais. Um bem-te-vi passou agora pela minha janela e me fez sorrir.
A campainha tocou. Abri e duas cadelinhas Yorkshire entraram pulando e abanando os rabinhos. Sentei-me no chão e elas rolaram à minha volta, roçando-se pelas minhas pernas. Um momento perfeito de felicidade em uma semana inteira de gripe, tosse e dor de garganta.
A gente precisa mesmo de pouco para ser feliz. Nem precisamos procurar artifícios para tal. Basta captar a simplicidade de pequenas coisas do cotidiano. Coisas singelas que passariam despercebidas se não estivéssemos prestando atenção no valor de cada uma delas. Podemos até alegar falta de tempo para captar e registrar os momentos felizes de nosso dia, mas eles estão lá.
Parafraseando a música: penso que devemos amar mais, complicar menos, trabalhar menos, importarmo-nos menos com problemas pequenos. Precisamos, sim, viver cada dia como o melhor de nossa vida. Aproveitar cada dia com aqueles e aquilo que amamos. Amar mais, viver mais! E apreciar o sol se pôr. E morrer de amor…
A perspectiva de passar a prestar mais atenção no que nos faz feliz no dia-a-dia melhora, consequentemente, o nosso humor. É surpreendente observar como os acontecimentos bons compensam as coisas ruins. E percebemos que é possível escolher não sermos como as pessoas ruins com quem tenhamos de conviver. Nem repetir os atos desagradáveis que elas praticam.
A vida é repleta de bons momentos. Basta identificar o que nos dá prazer. Pode ser qualquer coisa: um encontro com um amigo ou amiga; um bolo ou um pão delicioso na padaria da esquina. Ou pode ser a sensação boa de atender a campaninha e ser surpreendida por caezinhos felizes. Ou uma boa ação que você tenha tido a oportunidade de fazer a alguém.
A felicidade aumenta os hormônios de bem-estar. Se nos sentimos bem, olhamos a vida sob uma perspectiva grande.
Foto: Przemyslawiciak no Canva
Este post participa do #Literoutubro, cuja proposta é escrever um texto sob o tema disutópicos, a fim de explorar ideias de sociedades perfeitas ou falhas, e as tensões entre o desejo de utopia e a realidade de distopias. O tema de hoje: ARTIFÍCIO