Como manter a paz quando a gente envelhece

À escrivaninha. 23 ºC lá fora. O sol outonal ilumina o céu azulíssimo salpicado por enormes nuvens branquinhas. Lindo de se ver!

Uma coisa que aprendi após a meia-idade foi desvendar os segredos para manter o bem-estar e a saúde mental, mesmo quando a vida tenta nos testar.

Tornar-se invisível é sua armadura

Em primeiro lugar, é essencial exercitar o silêncio com todas as forças da alma. Um silêncio estratégico que nos transforma numa pessoa muito sábia. É como se a gente desenvolvesse um sexto sentido para saber quando se manifestar e quando ficar quietinha no nosso canto. Concentrar-me em mim e deixar ir o que não é de minha competência.

Parece simples, mas é um desafio tremendo. Às vezes (quase sempre), eu falho miseravelmente. Expressões do tipo: “idosa”, “perdeu a noção”, “Fifi” – pessoa fofoqueira, já me fizeram sentir o peso do estigma. Nessas horas, passo o constrangimento de ser olhada (ou ignorada) como uma criança que precisa de condescendência e repreensão.

Essas interações desastradas me obrigam a desenvolver a sabedoria de me perceber adulta, mesmo quando presumem que sou uma velhinha com atitudes infantis. Em várias ocasiões – e após os 60 elas são constantes, tais intervenções ainda me corroem. Sou sensível a pessoas e circunstâncias adversas, naturalmente.

Felizmente, embora eu goste da liberdade que a invisibilidade da idade traz, tenho a sorte de encontrar pessoas que compartilham meus desafios, meus projetos, meus pensamentos, minha sabedoria.

Escolher suas batalhas é uma necessidade

Em segundo lugar, conservar o hábito de respirar fundo, meditar ou fazer uma oração silenciosa (clamar o sangue de Jesus mentalmente ajuda) e relaxar. Lembrar que a convivência é um terreno delicado onde a gente escolhe batalhas e preserva a saúde mental.

Com os anos, a gente descobre que a paz é a habilidade de se adaptar às pessoas e às situações. Nem tudo merece o nosso tempo e energia. Depois dos sessenta, a gente aprende a valorizar cada minuto. Por isso, precisamos escolher os relacionamentos e as situações que de fato nos fazem bem.

A gente acaba aceitando quando chega a hora de dar um passo para trás e deixar ir o que nos adoece a alma, com a sabedoria de quem já viu muita coisa e sabe que paz é prioridade.

No final das contas, tenho me limitado a sorrir, a fazer concessões e a seguir em frente nos dias de lucidez que me restam.

Foto de Centre for Ageing Better na Unsplash

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