À escrivaninha. 19°C lá fora. Chove bastante. É provável que as tempestades continuem nos próximos dias. Agasalhada, em meio a turbilhões de adversidades momentâneas, refugio-me na escrita, a fim de trazer tranquilidade a minha mente.
No último fim de semana, participei do evento O texto e o tempo, organizado lindamente pela querida escritora, editora e tradutora Vanessa Guedes. Durante dois dias, pessoas que leem e pessoas que também escrevem newsletters se reuniram para discutir a relação com a produção e o consumo de conteúdo em texto nesse formato de publicação.
A volta do textão
As pessoas estão voltando a ler ou, na verdade, nunca pararam? A pergunta abriu o evento e a minha mente também. Particularmente, acredito que quem aprecia a leitura de bons textos manteve esse hábito mesmo com o suposto declínio dos blogs. Meu leitor de feeds nunca parou de crescer. Pelo contrário, percebo que estou lendo muito mais agora que antes. Aposentada, e tal…
Nas oficinas e mesas redondas do evento, experiências de planejamento, criação e publicação foram compartilhadas por quem está há mais tempo movimentando esse universo. Certifiquei-me mais ainda de como a newsletter pode ser uma ferramenta útil para quem escreve ficção.
Ainda estou engatinhando no mundo das newsletter. Meus textos estão voltados para a jornada que estou trilhando na produção de meus romances. Mas os depoimentos do evento me instigaram a querer ter uma newsletter com textos ficcionais, permeados de poesia e reflexão ao mesmo tempo. Fica anotada a sugestão para cartinhas futuras.
Público não é alvo
Confesso que sorri aliviada ao ouvir essa frase. Estava, minutos antes, justamente pensando na responsabilidade de escrever para as pessoas que assinam minha newsletter Aprendiz de Escritora. De repente, conscientizei-me de que, embora o olhar da pessoa que lê meus textos possa ressignificá-los, a intenção ao escrevê-los continuará sendo particular e totalmente minha.
Depois que a carta é enviada, cada leitura e interpretação torna-se única. Escrevo para os outros ou para mim? Para os dois, acredito. A validação pode ser silenciosa por quem nos lê. Mas estou mesmo buscando isso? Resta-me questionar minha escrita e seguir em frente, mesmo sob pressão ou invalidação.
O compromisso a que nos obrigamos de escrever e entregar um novo texto em uma periodicidade pré-determinada não invalida o prazer de escrever. Não para mim. Cada texto é um novo começo e sempre haverá algo a se dizer. Alguém mencionou que, às vezes, o bloqueio é uma questão pessoal, nem sempre relacionada ao exercício da escrita.
De uma maneira bem particular, anseio por um engajamento com as pessoas que leem meus escritos. Mas, de forma alguma, preocupo-me com números a ponto de me sentir frustrada por não ter devolutivas ou comentários. Já disse certa vez e repito: escrevo para mim e para o mundo. Se houver abertura para o diálogo, melhor ainda.
Em um mundo saturado de informações, as newsletters podem apresentar um futuro positivo para a comunicação.
As newsletter possibilitam uma variedade de caminhos a escolher. A dúvida sobre validação é normal, mas, acima de tudo, é o caminho para continuar e não desistir de escrever.
Novos ares no e-mail
As newsletter vieram trazer um respiro ao ambiente formal e sem graça do e-mail. Abrir a caixa de mensagens, a cada manhã, e encontrar uma cartinha para você dá um quentinho no coração.
Quando cartas são enviadas, espera-se que sejam respondidas. Não vou negar que uma resposta a uma newsletter aquece o coração de quem a enviou. Respondemos aos e-mails chatos e formais, mas ignoramos as cartinhas?
Embora leitora de Newsletter há bastante tempo, percebi que não tenho o costume de responder às cartas que chegam toda semana. Muitas me emocionam, inquietam-me, fazem-me sorrir ou me indignar, obrigam-me a me posicionar. Mas, leio-as e as guardo, sem nenhuma palavra para quem as enviou. A gente se acostuma com a voz de estranhos, alguém disse no evento.
Agora que ingressei nesse universo como escritora de newsletter, percebo a exasperação por uma resposta a cada carta que envio. Talvez eu deva começar a dialogar com quem me manda cartas tão especialmente preparadas para atingir a minha mente e, com bastante frequência, o meu coração.
Acredito que as pessoas ainda estão se adaptando a este formato de publicação. A correria do dia a dia talvez as impossibilite de parar e deixar o conteúdo das newsletters reverberar a ponto de suscitar uma resposta e abrir uma porta ao diálogo.
Cartas de uma aprendiz de escritora
Nas minhas cartas, compartilho a jornada que empreendi na produção de meu primeiro romance. A cada edição, solto uma palhinha com um trecho da história que estou escrevendo e deixo a liberdade a quem as lê de opinar sobre o processo, se desejar.
Convido você a assinar a minha newsletter Aprendiz de Escritora e receber, gratuitamente, meus textos em seu e-mail a cada quinze dias.
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